Friday, September 30, 2005

Mentirosos compulsivos têm cérebro diferente, diz estudo

30/09/2005 - 09h48

Mentirosos compulsivos têm cérebro diferente, diz estudo

da BBC Brasil

Os cérebros dos mentirosos compulsivos são diferentes dos cérebros das pessoas sinceras, afirma um novo estudo.

Uma equipe da Universidade da California do Sul estudou 49 pessoas e descobriu que os pacientes que eram mentirosos patológicos tinham 26% a mais de massa branca no cérebro que os demais.

A massa branca atua na transmissão de informações, enquanto a massa cinzenta as processa. Os pesquisadores acreditam que a existência de mais massa branca no córtex pré-frontal estimula a mentira.


Fabiano Oliveira

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Wednesday, September 28, 2005

Isso pode ser TOC

Isso pode ser TOC






Este livreto tem como objetivo levar ao conhecimento da população informações sobre o Transtorno Obsessivo Compulsivo - TOC -bem como apresentar formas atuais de tratamento.
Cada um de nós pode se tornar um agente de saúde. Para tanto é necessário que tenhamos o maior número de informações possíveis. Divulgar os sinais e sintomas do TOC fará com que muitas pessoas, com ajuda destas informações, reduzam o tempo perdido sem diagnóstico e, conseqüentemente sem tratamento.
Os estudos comprovam que transcorrem em média 10 anos desde o momento que se instala a doença até que as pessoas consigam o diagnóstico. Isso é uma pena, pois quanto antes se iniciar o tratamento menor será o sofrimento e o risco de se desenvolverem outros problemas.
Infelizmente, o TOC passa despercebido com muita freqüência e tende a ser sub-diagnosticado e sub-tratado por diversos motivos. Isto ocorre porque quem sofre com TOC costuma tentar resolver por conta própria um problema que se apresenta a todo o momento. Sente-se obrigada a realizar certos comportamentos que contrariam sua vontade. Na maioria dos casos guarda esse problema em segredo, porque freqüentemente tem vergonha de falar sobre ele.




TOC: O QUE É ISSO?


O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é uma doença mental crônica (transtorno psiquiátrico), faz parte dos transtornos de ansiedade e se manifesta pela presença de sintomas que denominamos obsessões e/ou compulsões.


Obsessões são pensamentos ou idéias, impulsos, imagens ou cenas que invadem a mente do indivíduo de modo persistente, podendo ou não ser seguidos de comportamentos (manias) para neutralizá-los. São sentidos como estranhos e intrusivos causando aumento da ansiedade e grande desconforto. O indivíduo tenta não pensar ou eliminar o desconforto com atos ou com outros pensamentos. No entanto, percebe que os pensamentos vêm de sua mente e não como vindos de fora. Sabe que não fazem sentido, percebe o caráter irracional das obsessões que passam a ocupar seu tempo e atrapalhar suas atividades normais (seu trabalho, seu relacionamento familiar, etc).

Compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa é levada a realizar para diminuir a ansiedade gerada pelas obsessões. Esses comportamentos ou atos mentais são claramente excessivos e se destinam a prevenir ou reduzir o desconforto gerado pelas obsessões. No entanto, pode haver também compulsão sem presença de obsessão.


É importante lembrar que comportamentos obsessivos e compulsivos são necessários em muitos momentos da vida. Por exemplo, para se estudar bem algo difícil, é preciso um cuidado um tanto que obsessivo, tendo muitas vezes que reler e relembrar o assunto algumas vezes. Para garantir que um bebê sobreviva nos primeiros meses de vida, os pais precisam lembrar sempre de alimentá-lo, não deixá-lo em lugares em que possa cair, limpá-lo e tantos outros cuidados. Ou seja, esses são comportamentos que garantem a sobrevivência de todos nós e que foram selecionados durante o processo de evolução.
Assim, embora sejam comportamentos presentes em toda espécie humana, o que determina o TOC é o grau de intensidade, sofrimento e incapacidade causada por esses comportamentos. E vários fatores ao mesmo tempo podem determinar isso, tais como: características genéticas, história de vida de cada um, o ambiente e a cultura na qual vivemos.
Esses comportamentos podem ser confundidos facilmente com preguiça ou manipulação. É essencial que você aprenda a ver essas características como sinais do TOC e não traços de personalidade. Dessa forma, você pode juntar-se à pessoa com TOC na luta contra os sintomas em vez de ficar excluído sem entender o que ocorre. Pessoas com TOC geralmente referem que quanto mais criticados são, mais os sintomas pioram!
Boa parte das pessoas com TOC se esforçam para se libertar dos pensamentos obsessivos e para evitar os comportamentos compulsivos. Muitas conseguem controlá-los quando estão no trabalho ou na escola.
As pessoas com TOC geralmente têm consciência do seu problema. Na maioria das vezes, elas sabem que seus pensamentos obsessivos são sem sentido ou exagerados e que seus comportamentos compulsivos não são realmente necessários para o fim a que aparentemente se destinam. Entretanto tal conhecimento não é suficiente para se livrar da doença.
Há várias formas do TOC se manifestar. A mais comum é aquela na qual as compulsões aparecem relacionadas às obsessões. Mas pode ocorrer de o indivíduo apresentar apenas obsessões ou apenas compulsões. Ou seja, uma pessoa pode ter apenas pensamentos sem fazer nenhum ritual para aliviar. Ou ainda, aquela que tem que fazer algo para se livrar de um incômodo, muitas vezes físico, e não de um pensamento ou imagem.
A maior parte das pessoas com TOC apresenta um vaivém do problema, devido ao curso às vezes flutuante da doença. Você pode se desapontar se tiver expectativa de que se os sintomas forem embora, isso será para sempre. Algumas pessoas podem ter um episódio único, sem ter os comportamentos pelo resto da vida. Entretanto, isso não é muito comum. Quando se trata de TOC, devemos pensar mais em controle do que em cura, como o diabetes ou a hipertensão. Ou seja, é possível controlar o problema para se viver bem, sem tanto sofrimento, mas às vezes não é possível acabar com o problema.
É muito comum o comportamento aparecer ou, ainda, reaparecer em períodos estressantes da vida ou de mudanças, que podem incluir até momentos alegres e de mudanças positivas. Em geral, qualquer mudança é complicada para quem tem TOC, mesmo quando boa para a pessoa.
Existem também casos, em que o indivíduo passa a evitar as situações que o induzem a certas obsessões e compulsões. Por exemplo, quando o banho envolve muitos rituais, tomando muitas horas, pode acontecer da pessoa começar a evitar tomar banho. Ou então, quando alguém muda seu caminho para o trabalho para não ter que passar perto de um cemitério.
Os exemplos de obsessões e compulsões que daremos a seguir incluem muitos hábitos comuns que, de vez em quando, são vistos na vida de quase todas as pessoas. Lembre-se, um pensamento ou comportamento só é considerado obsessão ou compulsão se não puder parar com ele, se interferir na vida de maneira importante e, ainda, se perder muito tempo lutando contra ele:


OBSESSÕES DE CONTAMINAÇÃO E COMPULSÕES DE LIMPEZA

· Medo de pegar germes sentando em determinada cadeira, cumprimentando alguém, tocando alguém, pegando em maçanetas.
· Medo de entrar em contato com excrementos ou secreções do corpo, como vômito, urina, fezes, sêmen, suor, secreção vaginal (de si próprio ou de outra pessoa).
· Medo de ser contaminado por substâncias radioativas, medo de coisas associadas com cidades contendo lixo atômico. Medo de ser contaminado por poluição.
· Medo de ser contaminado por insetos ou animais.
· Nojo de fitas adesivas ou substâncias pegajosas que possam conter ou não contaminação.
· Medo de ficar doente como um resultado direto de ser contaminado, pode incluir doenças específicas como AIDS, câncer.
· Necessidade de lavar repetidamente as mãos por causa de preocupações com sujeira ou germes ou porque não sente que suas mãos estão limpas o suficiente. O ritual pode envolver a necessidade de lavar as mãos um certo número de vezes ou ter que lavá-los de uma maneira específica.
· As atividades de higiene no banheiro podem precisar ser realizadas de acordo com uma ordem específica.
· Preocupação ou medo de ser contaminado por torneiras, vasos sanitários, pisos, utensílios de cozinha, produtos de limpeza e solvente. Além disso, sentir nojo da idéia de entrar em contato com qualquer um destes itens.
· Ter compulsões que envolvem limpeza excessiva de móveis da casa ou de objetos inanimados (brinquedos, roupas, material escolar, enfeites, utensílios domésticos...)
· Rituais mentais (compulsões que você faz “na sua cabeça”) que tenham a ver com contaminação e limpeza.
· Tomar medidas para prevenir ou evitar/remover o contato com substâncias que podem causar contaminação. Evitar fazer certas coisas ou ir a certos lugares por causa das preocupações com contaminação. Pedir para membros da família que removam inseticidas, lixo, lata de gasolina... Pedir para as pessoas abrirem portas, ou usar luvas. Não utilizar banheiros públicos, não usar toalhas de mão de hotéis ou apertar as mãos de outras pessoas.


OBSESSÕES E COMPULSÕES DE COLECIONISMO

· Medo de jogar coisas fora (papéis, documentos, recibos, etc) pela possibilidade de precisar delas no futuro.
· Manter muitas coisas guardadas por seus valores sentimentais, ou por causa de uma necessidade incontrolável de colecionar as coisas.
· Preocupações sobre perder um objeto insignificante ou sem importância como um pedaço de papel.
· Pegar objetos sem nenhuma razão em especial e guardar porque não conseguiu decidir se deve ou não jogar fora.
· Ter quartos cheios de jornais velhos, anotações, latas, toalhas de papel, embalagens e garrafas vazias. Não conseguir jogar essas coisas fora por medo de ter que precisar delas algum dia.
· Ter rituais mentais (compulsão que você “faz na sua cabeça”) relacionados ao colecionismo.
· Evitar certas ações, pessoas, lugares ou coisas para prevenir compulsões de colecionismo. Não passar por certas lojas ou supermercados, ou não ler o jornal, pedir a outra pessoa para limpar seu armário e/ou jogar suas coisas fora.


OBSESSÕES E COMPULSÕES DE SIMETRIA, ORDEM, CONTAGEM E ARRANJO.

· Ter preocupação ou sentimentos desconfortáveis sobre alinhamento de papéis e livros, preocupação com a realização de cálculos, com a necessidade de fazê-los corretamente ou necessidade de escrever de forma perfeita.
· Ficar extremamente preocupado se certas sensações, pensamentos ou coisas não estão simétricas.
· Verificar repetidas vezes enquanto lê, escreve ou faz simples cálculos para certificar-se de que não cometeu um erro. Isto pode envolver fazer listas de coisas para fazer, assim como checá-las obsessivamente.
· Levar horas para ler poucas páginas de um livro ou para escrever uma pequena carta porque fica lendo e relendo. Isto pode também envolver a procura por uma palavra ou frase “perfeita”, ou preocupar-se por não ter realmente entendido o significado do que leu, ou ficar preocupado com o formato de algumas letras.
· Necessidade de entrar/sair de casa várias vezes; sentar/ levantar várias vezes de uma cadeira. Repetir atividades rotineiras como ligar e desligar aparelhos, colocar e tirar um objeto da mesa, pentear o cabelo ou olhar para determinado local. Pode não se sentir bem até fazer essas coisas um determinado número de vezes ou até que uma certa sensação de simetria seja alcançada.
· Necessidade contar coisas como azulejos, pisos, brinquedos, janelas, telhas, pregos na parede, livros em uma estante ou até mesmo grãos de areia na praia.
· Necessidade de endireitar papéis ou canetas sobre a mesa ou livros na estante. Pode gastar horas arrumando as coisas na sua casa numa determinada “ordem” ficando muito chateado se esta “ordem” é alterada.
· Ter compulsão após tocar ou fazer algo no lado direito, precisar tocar ou fazer a mesma coisa no lado esquerdo.
· Necessidade de tocar, esfregar ou dar pancadinhas. Sentir o impulso de tocar superfícies ásperas como madeira ou superfícies quentes, como o fogão. Sentir o impulso de tocar outras pessoas, ou de tocar um objeto. Necessidade de esfregar ou pegar algo como o telefone para evitar que alguém da família adoeça.
· Medo de ter dito coisas erradas, preocupação de não encontrar a palavra ou frase perfeita antes de dizer algo ou responder a alguém.
· Ter rituais mentais (compulsão que você “faz na sua cabeça”), relacionados a obsessões e compulsões de simetria, ordem, contagem e arranjo.
· Evitar certas ações, pessoas, lugares ou coisas para prevenir a ocorrência de obsessões e compulsões sobre simetria ou exatidão. Por exemplo, não olhar para certas coisas na casa porque elas certamente irão desencadear obsessões ou compulsões de ordenação/arranjo ou exatidão.


OBSESSÕES SOBRE AGRESSÃO, VIOLÊNCIA, DESASTRES NATURAIS E COMPULSÕES RELACIONADAS.

· Medo de ferir a si mesmo com uma faca ou garfo, medo de segurar ou estar perto de objetos pontiagudos, medo de se jogar na frente de um carro ou medo de andar perto de janelas de vidro.
· Medo de ser ferido por não estar sendo suficientemente cuidadoso. Medo de que pessoas ou determinados objetos venham a lhe ferir.
· Ficar procurando por feridas ou sangramentos depois de segurar objetos pontiagudos ou quebráveis, ou checando com médicos ou outros para se reassegurar de que não feriu a si mesmo.
· Medo de envenenar a comida de outras pessoas, medo de ferir bebês, medo de empurrar alguém para frente de um carro ou de um trem.
· Preocupações de estar evolvido em um acidente de carro, medo de ser responsável por não dar assistência em uma catástrofe imaginada, medo de ferir os sentimentos de alguém, medo de causar ferimentos por dar conselhos/informações erradas.
· Medo de começar um incêndio ou ser responsável por um assassinato ou assalto.
· Verificar se não feriu alguém sem saber. Perguntar aos outros para reassegurar-se, ou telefonar para certificar-se de que tudo está bem.
· Ter imagens de assassinatos ou acidentes ou outras imagens violentas como corpos desmembrados.
· Medo de falar coisas obscenas em um lugar quieto com muitas pessoas em volta – como uma igreja ou sala de aula. Medo de escrever coisas obscenas.
· Medo de tirar as roupas em público ou parecer tolo em situações sociais.
· Medo de apunhalar um amigo, atropelar alguém, bater o carro em uma árvore, etc.
· Procurar nos jornais e noticiários no rádio ou televisão se aconteceu alguma catástrofe que você acredita que possa ter ocasionado. Pedir para outros lhe reassegurarem de que nada aconteceu.
· Ficar longe de objetos pontiagudos ou quebráveis. Evitar manusear facas, tesouras, vidro.
· Necessidade de realizar a mesma ação repetidas vezes depois de ter tido um “mau” pensamento sobre agressão/ferimentos, com o objetivo de prevenir conseqüências terríveis.
· Ter rituais mentais (compulsão que você “faz na sua cabeça”) relacionados a obsessões sobre agressão, violência, desastres naturais e compulsões relacionadas.


OBSESSÕES SEXUAIS E RELIGIOSAS E COMPULSÕES RELACIONADAS

· Ter pensamentos sexuais involuntários sobre estranhos, familiares ou amigos.
· Ter pensamentos indesejáveis sobre molestar crianças sexualmente, inclusive os próprios filhos.
· Ter medo de ser homossexual ou medo de, subitamente, transformar-se em “gay”, quando não existem razões para estes pensamentos.
· Ter imagens indesejáveis de comportamento sexual violento com adultos estranhos, amigos ou familiares.
· Ficar checando os órgãos genitais, a cama ou roupas para ver se há alguma evidência de ter feito algo errado. Perguntar para se reassegurar de que nada ruim de natureza sexual aconteceu.
· Não ir a uma seção de revistas em uma livraria por causa de algumas fotos ou títulos.
· Ter medo de ter pensamentos blasfemos, dizer sacrilégios, ser punido por estas coisas.
· Ter preocupações sobre estar sempre fazendo coisas de uma maneira moralmente correta ou preocupações sobre ter dito uma mentira ou ter trapaceado alguém.
· Ter medo de dizer algo terrível ou impróprio que possa ser considerado desrespeitoso para alguém vivo ou morto. Algumas pessoas têm medo excessivo de dar conselhos errados.
· Verificar a Bíblia ou outros objetos. Perguntar ao padre, rabino, pastor ou outras pessoas para se reassegurar de que nada aconteceu.
· Limpar ou checar excessivamente objetos religiosos. Rezar durante várias horas ou procurar por reasseguramentos com líderes religiosos com mais freqüência do que a necessária.
· Não ir a igreja ou não assistir a certos programas de TV porque podem provocar pensamentos de estar sendo possuído pelo diabo ou por alguma influência do diabo.
· Necessidade de realizar a mesma ação repetidas vezes depois te ter um “mau”, pensamento obsessivo sexual ou religioso com o objetivo de prevenir conseqüências terríveis.
· Perguntar para outras pessoas sobre possíveis coisas erradas que tenha feito, confessar algo errado que não tenha acontecido ou contar às pessoas seus pensamentos íntimos para se sentir melhor.
· Ter rituais mentais (compulsão que você “faz na sua cabeça”) relacionados a obsessões sexuais e religiosas e compulsões relacionadas.


OBSESSÕES E COMPULSÕES DIVERSAS

· Procurar reassegurar-se com amigos ou médicos de que não tem uma séria doença como cardiopatias ou um tumor no cérebro ou alguma outra forma de câncer. Checar repetidamente partes do corpo ou tomar o pulso compulsivamente, assim como sua pressão sangüínea ou temperatura.
· Evitar certas ações, pessoas, lugares ou coisas para prevenir a ocorrência de obsessões e compulsões sobres doenças. Não passar por um hospital porque isto provoca pensamentos sobre doenças.
· Precisar lembrar coisas insignificantes como números de placas de carros, adesivos, “slogans” de camisetas.
· Ter medo de passar por um cemitério, por um carro funerário, por um gato preto, passar debaixo de uma escada, quebrar um espelho ou medo de profecias associadas com a morte.
· Não pegar um ônibus ou trem se seu número for um número de azar como o treze. Relutar em sair de casa no dia treze do mês. Jogar fora roupas que usou quando passou por uma casa funerária ou por um cemitério.
· Preocupações com certos números como o treze, ter que realizar atividades um determinado número mágico de vezes, ou ter que iniciar uma atividade somente em uma hora de sorte do dia. Outro exemplo é evitar números que poderiam trazer azar.
· Ter obsessões e/ou compulsões sobre cores com significado especial. Por exemplo, preto pode ser associado com morte, vermelho pode ser associado com sangue ou ferimentos. Evitar o uso de objetos de uma determinada cor.
· Escutar palavras, canções ou músicas que vem à mente e não consegue pará-las. Ficar preso ao som de certas palavras ou músicas.
· Ter imagens com cenas neutras. Ficar vidrado, fixado em detalhes visuais de certas figuras.
· Evitar certas ações, pessoas, lugares ou coisas para prevenir qualquer uma destas obsessões e compulsões diversas. Por exemplo, não passar por locais com muito barulho ou não escrever certos números.
· Ficar paralisado realizando comportamentos repetitivos e isso lentifica as ações. Tomar banho, vestir-se ou ir para casa são atividades que tomam horas do dia. Outros podem ficar paralisados comendo ou falando, e estas atividades tomam muito mais tempo do que o necessário.
· Fazer muitas listas de coisas ou atividades.
· Preocupação de que algo terrível pode acontecer a um de seus pais ou filhos ou namorado (a) e que em decorrência disto você nunca mais poderá vê-los novamente.
· Ter compulsões ou rituais realizados para prevenir a perda de alguém (ou ser separado de alguém) muito querido. Por exemplo, seguir essa pessoa especial de aposento em aposento, ou telefonar diversas vezes; ter que rezar ou realizar rituais específicos para evitar que coisas más aconteçam a alguém.
· Ter compulsões para se livrar de pensamentos sobre se tornar uma outra pessoa. Por exemplo, empurrar os pensamentos para longe ou realizar algum ritual para se livrar destes pensamentos.
· Necessidade de olhar algo até que seus contornos pareçam “estar legais”; ou “ter que” olhar para as coisas de uma determinada maneira por um determinado tempo.
· Ter necessidade de repetir algo que você ou outra pessoa tenha dito. Pode ser uma determinada palavra que você não consegue tirar da cabeça ou pode ser o final de uma frase que você acabou de dizer ou ouviu alguém dizer.
· Preocupação com a aparência, segurança ou funcionamento do rosto, orelhas, nariz, olhos ou alguma outra parte do corpo. Preocupação de que uma parte do corpo seja muito feia ou deformada, apesar dos outros afirmarem o contrário.
· Procurar reasseguramento sobre a aparência com amigos. Verificar repetidamente se há odores em seu corpo ou verificar a aparência (rosto ou outros pontos do corpo) procurando por aspectos feios. Necessidade de se arrumar continuamente ou comparar alguns aspectos de seu corpo com os do corpo de outra pessoa; você pode ter que vestir certas roupas em determinados dias. Ser obcecado com o peso.
· Ter obsessões sobre comida. Preocupação excessiva com receitas, calorias e/ou dietas.
· Ter obsessões com a necessidade de fazer exercícios para queimar calorias. As compulsões relacionadas incluem exercícios que devem seguir certas regras ou ter uma determinada duração de comer. Ter que comer de acordo com um ritual rígido, ou ter que esperar para comer até que os ponteiros de um relógio estejam marcando uma determinada hora.
· Puxar os cabelos do couro cabeludo, os cílios, a sobrancelha ou os pelos púbicos. Usar os dedos ou pinças para puxar os pelos. Freqüentemente esse comportamento envolve procurar pelo “cabelo certo”, remover o folículo ou morder o cabelo. Causar falhas na cabeça que exijam o uso de uma peruca ou arrancar os cílios e sobrancelhas completamente.
· Cutucar a pele ou outros comportamentos de automutilação (obsessões e compulsões). Cutucar a pele em volta das unhas ou próxima a machucados. Machucar a si mesmo ou piorar os machucados.
· Ter que arranjar/arrumar a comida, faca e garfo em uma determinada ordem.



EPIDEMIOLOGIA: O QUE OS ESTUDOS MOSTRAM?



O TOC não é uma doença nova. São encontradas descrições clínicas do que hoje se compreende por TOC desde cerca de 300 anos atrás. No entanto, era algo praticamente desconhecido até a década de oitenta. Foi só a partir daí que surgiu maior interesse pelo assunto, registrando-se crescente número de pesquisas, com aumento dos conhecimentos e de sua divulgação.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o TOC na lista das dez doenças, entre todas as especialidades, que mais produzem incapacidade. Durante muitos anos o TOC foi considerado uma doença rara. Porém, acredita-se que existam muitas pessoas aprisionadas pela doença, tentando esconder seus pensamentos e comportamentos repetitivos, ou ainda, por desconhecerem o fato desses sintomas constituírem uma doença, não procuravam ajuda, o que levava os especialistas em saúde mental a subestimar o número de pessoas afetadas.
Estudos recentes indicam que é um transtorno freqüente, afetando em média 2 % da população. Por exemplo, em um grupo de 50 pessoas da população uma pode apresentar ou ter apresentado TOC.
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Pesquisas apontam que, mais freqüentemente, o transtorno costuma aparecer no final da adolescência e em número semelhante para ambos os sexos. Entretanto, existem casos com início anterior a esta idade (início precoce), acometendo mais o sexo masculino.
Recentemente, outra pesquisa indicou que 25% dos portadores algum dia tentaram suicídio.




O QUE ACONTECE NO CÉREBRO DE QUEM TEM TOC?


O TOC é um transtorno mental que tem base neurobiológica, ou seja, alterações no funcionamento cerebral podem provocar sintomas de TOC. Um exame de tomografia computadorizada do cérebro mais sofisticada, que chamamos de PET-SCAN, tem mostrado que o consumo de glicose em algumas áreas cerebrais está geralmente aumentado, o que indica provavelmente que estas regiões estão funcionando em excesso. Esse excesso de funcionamento tende a diminuir durante o tratamento medicamentoso, como também mediante terapia comportamental. As áreas mais relacionadas com o TOC seriam os núcleos da base. O neurotransmissor envolvido no TOC seria predominantemente a serotonina, já que medicações que interferem com a serotonina alteram o TOC.



QUAIS AS POSSÍVEIS CAUSAS DO TOC?


A pesquisa das causas se concentra na interação de fatores neurobiológicos e influências ambientais. Acredita-se que pessoas que desenvolvem TOC tenham uma predisposição biológica a reagir de forma acentuada ao estresse. Estudos genéticos do TOC e de outras condições relacionadas poderão, algum dia, possibilitar definir genes que predispõem ao surgimento do TOC. Estudos genéticos recentes, associados a pesquisas de anormalidades neuroquímicas em portadores de TOC, têm sugerido que quando há um caso de TOC, outros membros da mesma família podem ser afetados pelo mesmo ou por transtornos relacionados, como a Síndrome de Tourette. Foi verificado que entre gêmeos idênticos (monozigóticos) a concordância pata TOC é maior (cerca de 65%) do que entre os não idênticos (dizigóticos), o que mostra que o fator genético apresenta um papel relevante. Isso significa que se um gêmeo tem TOC, a chance de seu irmão gêmeo também ter é de até 65%. Até agora, não foram feitos estudos com indivíduos adotados ou com gêmeos criados separadamente para observar quanto os genes podem determinar estes comportamentos independentemente do ambiente no qual cada um está e forma de criação. Parece que pessoas com TOC têm uma vulnerabilidade genética que é desencadeada por fatores ambientais. As investigações em andamento sobre as causas prometem ainda mais esperança para as pessoas com TOC e suas famílias.


COMO TRATAR O TOC?

Psiquiatras experientes concordam que um tratamento ideal inclui medicação, terapia comportamental, educação e apoio familiar. As medicações associadas à terapia comportamental são consideradas hoje as primeiras opções de tratamento. Felizmente, na maioria das vezes essa associação terapia+medicação consegue atenuar ou eliminar completamente os sintomas. Na prática, principalmente na saúde pública de nosso país, nem sempre os pacientes estão em condições de procurar uma terapia comportamental. Infelizmente para muitos casos a medicação poderá ser a única terapia ao alcance do paciente.


MEDICAÇÃO

Um grande número de substâncias já foi experimentado no tratamento do TOC, porém, parece haver um consenso de que as drogas inibidoras da recaptação da serotonina são as mais eficazes na redução dos sintomas. O antidepressivo de primeira geração que se mostrou muito eficiente foi a clomipramina. No entanto, apesar da sua eficácia comprovada, seus efeitos colaterais fazem com que esta não seja mais a droga de primeira opção. Outros antidepressivos de segunda geração também podem ser usados, como a fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, citalopram, sertralina e venlafaxina. Geralmente essas medicações são usadas em doses muito elevadas. Importante saber que estas medicações não provocam dependência.
Além do mais outros medicamentos podem ser associados aos antidepressivos buscando aumentar seus efeitos, como os chamados neurolépticos ou antipsicóticos (haloperidol, pimozida, risperidona, olanzapina, quetiapina), calmantes ou ansiolíticos (clonazepam, buspirona), etc. Todos esses medicamentos também são usados para tratamento dos sintomas de outros transtornos mentais.
É freqüente que os efeitos antiobsessivos, ou seja, a melhora dos sintomas, demore a aparecer depois de iniciado o medicamento, podendo acontecer apenas depois de dois meses. As medicações somente serão eficazes se tomadas de forma adequada e sem interrupções. A interrupção por conta própria, antes do tempo recomendado, pode provocar recaída.

Seguem abaixo os medicamentos mais usados com as doses recomendadas:



Nome da substância Também conhecido por Doses recomendadas
Inibidores da Recaptação da Serotonina
clomipramina Anafranilâ, Cloâ Até 300 mg dia
fluoxetina Prozacâ, Verotinaâ Daforinâ, Depraxâ, Depressâ, Euforâ, Fluxeneâ, Neo Fluoxetinâ, Nortecâ, Prozenâ, Psiquialâ, Até 80mg dia
Fluvoxamina Luvoxâ Até 300 mg dia
sertralina Zoloftâ, Assertâ, Novativâ, Sercerinâ, Serenataâ, Tolrestâ Até 200 mg dia
paroxetina Aropaxâ, Cebrilinâ, Paxilâ, Ponderaâ, Roxetinâ Até 80 mg dia
citalopram Cipramilâ, Alcytamâ, Denylâ, Procimaxâ Até 60 mg dia
venlafaxina Efexorâ, Venliftâ Até 375 mg dia
Neurolépticos
haloperidol Haldolâ, Haloâ, Haloperâ, Loperidolâ, Uni Haloperâ Em média 3 a 4 mg dia
pimozida Orapâ Em média 2 a 3 mg dia
risperidona Risperdalâ, Respidonâ, Risperidonâ, Viverdalâ, Zargusâ Em média 4 mg dia
olanzapina Zyprexaâ Em média 10 mg dia
quetiapina Seroquelâ Em média 200 mg dia
Calmantes
Clonazepam Rivotrilâ, Clonotrilâ Até 6mg dia



Importante lembrar que outros medicamentos podem ser usados em casos isolados.



PROBLEMAS PSIQUIÁTRICOS QUE PODEM ESTAR ASSOCIADOS


É comum a presença de outros transtornos associados ao TOC. A isto damos o nome de comorbidade. As mais freqüentes são depressão, transtorno bipolar, fobias, ansiedade generalizada, pânico, abuso ou dependência de álcool e drogas, esquizofrenia, etc. Existem também transtornos que se assemelham ao TOC por também apresentarem alguns comportamentos repetitivos. A isso damos o nome de transtornos do espectro obsessivo compulsivo. Fazem parte desse espectro a tricotilomania (arrancar os próprios cabelos e pelos de maneira recorrente), skin-picking (dermatotilexomania: cutucar excessivamente a pele), tiques e síndrome de Tourette (tiques motores e vocais) transtorno dismórfico corporal (percepção errônea e exagerada sobre a aparência física), comprar compulsivo, anorexia nervosa, bulimia nervosa, etc.


TRATAMENTO PSICOTERÁPICO


Todo tratamento psicoterápico é válido quando realizado de maneira correta e por profissionais competentes. Entretanto, existem mais estudos que mostram que o tratamento com Terapia Cognitivo-Comportamental apresenta maior eficácia na melhora dos sintomas obsessivo-compulsivos, bem como na manutenção dessa melhora.
É importante para as pessoas que têm TOC e para os seus familiares que reconheçam que a medicação isoladamente tem um limite na eficácia de afastar os sintomas totalmente. Informações, terapia e grupos de apoio são ações complementares que podem ajudar muito. A resposta ao tratamento com antidepressivos é de até 60% enquanto que se for associada terapia, a eficácia aumenta para 80%.
Quando as medicações são efetivas, a maioria dos portadores diz que estas ajudam a rejeitar as preocupações e a resistir às compulsões mais facilmente. Assim, algum esforço por parte do portador é necessário para diminuir a ansiedade envolvida e facilitar o enfrentamento, e a medicação ajuda nesse processo. Quando a medicação é interrompida, entretanto, os sintomas tendem a retornar dentro de algumas semanas ou meses e novamente torna-se mais difícil resistir à necessidade de realizar as compulsões. Adicionando outras técnicas terapêuticas, particularmente a terapia comportamental, temos maiores chances de conseguir tratar com menos medicação ou até mesmo sem medicação após um determinado tempo de tratamento. Os estudos mostram que quem faz a terapia consegue ficar mais tempo em remissão dos sintomas mesmo sem tomar medicação.
Especificamente para o tratamento do TOC, na terapia comportamental procura-se:
1) Fazer o enfrentamento do problema através da técnica de exposição com prevenção de respostas.
2) Analisar situações passadas e atuais nas quais o comportamento ocorre para identificar o que o mantém acontecendo.
3) Fortalecer habilidades em geral – sociais, profissionais, artísticas e esportivas a partir da aquisição e manutenção de repertórios reforçados.

Como se dá a exposição com prevenção de respostas?

É sabido por experiências em laboratório e observações na clínica que uma pessoa que apresenta um medo grande, quando em maior contato com estímulos relacionados a este medo, inicialmente apresenta um aumento da ansiedade e desconforto, mas que depois de um tempo (uma hora e meia, aproximadamente), estes começam a diminuir. Na segunda vez em que entra em contato com o estímulo a ansiedade tende a ser menor do que no começo da primeira vez e assim sucessivamente até que deixa de incomodar.
Com base nisto, a terapia procura fazer com que a pessoa que apresente as obsessões entre em contato com seus medos (seja através do contato com objetos ou imaginando situações temidas), e se procura evitar que ela faça o ritual para aliviar-se. Se o ritual for feito, a ansiedade diminui e não há exposição real. Este é um trabalho que deve ser feito de forma cuidadosa por um profissional, uma vez que quando não bem planejado pode fazer com que a pessoa desista do tratamento frente ao incômodo, devido à tamanha ansiedade que ele pode gerar.
É preciso que se tenha uma idéia do grau de ansiedade das várias obsessões e compulsões e sempre começar pela exposição daquela que incomode menos. Quando esta primeira não incomodar mais, é possível passar para o item seguinte de menor incômodo e assim sucessivamente.
Embora muito difundida em estudos científicos internacionais, esta é uma técnica usada com reserva por terapeutas comportamentais brasileiros. Podem-se usar as técnicas seguintes com resultados tão bons quanto a exposição com prevenção de respostas, sem trabalhar de forma tão aversiva.

Como se dá a análise de contingências?

Por meio dos relatos do paciente, o terapeuta direciona perguntas para que ambos identifiquem as situações nas quais os comportamentos obsessivo-compulsivos ocorrem. Assim, procura-se investigar o que está acontecendo um pouco antes ou enquanto se tem o comportamento, e o que acontece depois – as conseqüências.
Por exemplo: toda vez que o paciente passa perto de um hospital (situação anterior), ele tem que pôr suas roupas para lavar e tomar um banho no qual se esfregue muitas vezes (resposta) até que se sinta limpo/descontaminado (conseqüência).
Outro exemplo: o paciente chega em casa, e está ocorrendo uma discussão entre seus pais (situação anterior). Imediatamente ele fica ansioso, se tranca no banheiro e começa a fazer rituais (resposta). Depois de um tempo lá, os pais percebem o que está acontecendo com ele, param de brigar e vão tentar tirá-lo do banheiro (conseqüência).
Com isto, é possível perceber que não só o que vem antes, mas também as conseqüências diretas e indiretas do comportamento podem controlar este. Assim, é possível planejar intervenções no próprio ambiente (instruir os pais a dar atenção para comportamentos saudáveis do paciente antes que ele comece os rituais, ou até indicá-los à terapia familiar), ou preparar o paciente a agir de outra forma diante da situação (que será explicada no terceiro item).
Em muitos casos, a pessoa apresenta regras formuladas a partir de eventos passados em sua história de vida que podem contribuir para a manutenção dos comportamentos obsessivo-compulsivos. Por exemplo: um dia a pessoa decide mudar todo seu visual (corta o cabelo, coloca uma roupa nova, refaz seu currículo...), vai à procura de um emprego e neste mesmo dia é chamada para trabalhar exatamente no local que queria. Depois disso acontecer, essa pessoa pode chegar à conclusão (regra) de que para que coisas boas aconteçam em sua vida, ela terá que fazer muitas mudanças no mesmo dia, e nunca fazer mudanças em outros dias, pois elas teriam que acontecer todas de uma vez para dar certo.
Neste tipo de situação, a regra foi formulada a partir de algo que realmente aconteceu. No entanto, é muito provável que não tenha sido o fato de ter feito tudo num mesmo dia que tenha feito com que conseguisse algo bom. Mas as pessoas costumam adotar esse tipo de regra, principalmente, quando as coisas não andam muito bem, e diante de algo que dá certo, passam a fazer exatamente tudo aquilo que fizeram naquela situação.
Diante disso, é possível junto ao paciente: 1) questionar a veracidade destas regras (observando situações semelhantes com outras pessoas, ou ainda com a própria pessoa) e 2) introduzir durante a terapia situações que propiciem outras conclusões (regras).

Como se dá o reforço de repertórios?

No início do processo terapêutico é muito comum o terapeuta perceber que o paciente não tem passado por situações agradáveis, e que ele tem procurado fazer tudo o que sabia (mesmo que isto seja fugir da situação) ou tinha de melhor para oferecer na tentativa de resolver seus problemas. É importante frisar que só agimos de uma certa forma porque este comportamento foi adquirido no passado (ao fazer houve conseqüências boas que o mantiveram), e muitas formas de se comunicar ou resolver problemas nunca foram por muitos aprendidos.
Assim, aquele com problemas pode não ter o repertório necessário para enfrentar determinadas situações complicadas em sua vida, ou ainda para conseguir coisas que o fariam feliz. Nesse momento, a terapia tem o papel de além de analisar a situação, proporcionar aprendizado de habilidades necessárias.
Em muitos casos, procura-se trabalhar principalmente as habilidades sociais do paciente, procurando deixá-lo menos passivo e/ou menos agressivo em seus relacionamentos pessoais e garantindo que ele aprenda a se colocar de forma que consiga o que quer sem ser indelicado com as outras pessoas. Em todo este processo, é também revista a história de vida do paciente e a condição atual, que apontam o por quê dele se comportar da forma como se comporta.
No entanto, qualquer comportamento que traga benefícios diretos para a pessoa é válido. Assim, habilidades artísticas, esportivas, culturais, profissionais podem muito bem ser apoiadas também, garantindo que a pessoa tenha mais fontes de satisfação na vida.
Mas, por que tanta preocupação em enfrentar outros problemas e não focar no TOC? Porque o TOC apresenta-se com maior intensidade principalmente nos momentos em que temos problemas. Em alguns casos, ele se torna algo menos incômodo do que a própria vida do paciente. Assim, é muito importante aprender a lidar com situações complicadas, e isso é feito adquirindo-se novos repertórios.
Para a aquisição e manutenção de qualquer comportamento é necessário que, após ele ocorrer numa dada situação, haja uma conseqüência que garanta que numa próxima situação parecida a pessoa vá se comportar da mesma forma (reforçador). É muito importante entender que, o que reforça, “dá valor” ao que foi feito, não é necessariamente algo bom, mas uma conseqüência que faça a pessoa manter-se se comportando daquela mesma forma.
Em muitos casos, um elogio pode ser um ótimo reforçador, em outros, o silêncio é melhor. Há ainda aqueles nos quais um olhar furioso da mãe pode garantir a atenção que é extremamente reforçadora para comportamentos malcriados da criança. É valioso, assim, identificar o que é importante para cada pessoa.
Uma vez tendo identificado isto, o terapeuta pode começar a “incentivar” determinados comportamentos no paciente. Ele faz isto apresentando aquilo que é valorizado pela pessoa após ela se comportar da forma esperada. Muitas vezes, a conseqüência direta da ação já pode ser reforçadora. No entanto, foi necessário “treinar” o comportamento antes com o terapeuta.
Exemplo: um paciente que sofre com sua própria timidez, toda vez que conta alguma coisa sorrindo e olhando diretamente para o terapeuta, o terapeuta comenta que está muito agradável conversar com ele (reforço). Isto é mantido (apresentar reforço nestas situações) até que o paciente comece a ter o mesmo comportamento com outras pessoas, e passe a perceber que toda vez que faz isso, as pessoas ficam mais descontraídas e gostam de estar ao seu lado (o que pode ajudar a diminuir sua timidez).
De forma geral, fazer coisas que nos tragam conseqüências que valorizamos e saber lidar com situações complicadas são habilidades que podem ser adquiridas e garantem uma vida melhor para qualquer um.






OUTRAS FORMAS DE TRATAMENTO.


Sabemos que de 30 a 40% dos pacientes com TOC não melhoram de seus sintomas. Nesses casos existem algumas alternativas de tratamento. Por exemplo, clomipramina endovenosa, eletroconvulsoterapia (se depressão associada), e em casos extremos a neurocirurgia. Esta última pode ser realizada de formas e em diferentes locais do cérebro. É possível até mesmo utilizar cirurgia com raios gamma sem a necessidade de abrir o crânio (ainda em estudo).


AUTO-AJUDA


Mesmo estando em tratamento (medicação e terapia), é possível a própria pessoa com o transtorno e/ou sua família procurarem formas de contribuir para melhora do problema.

Dicas para a pessoa:

· Procurar informações a respeito.
· Lembrar que o que acontece não tem a ver com falta de caráter ou preguiça
· Procurar fazer coisas que goste.
· Diante de um problema, não fugir ou fingir que ele não existe. Procurar formas de resolvê-lo, se possível conversando com os outros para identificar outras formas de lidar com uma mesma situação.
· Aos poucos, tentar questionar seus medos, preocupações, se eles realmente podem causar tudo aquilo.
· Aos poucos, tentar enfrentar situações temidas, tentar se controlar ou deixar de fazer os rituais. Se for fazer isto sozinho, releia a parte de “exposição com prevenção de respostas”. Lembre-se que você deve começar sempre por aqueles rituais e medos que menos te incomodam, e fazer todo dia algum tipo de exposição (no mínimo três vezes por semana) que dure, pelo menos, uma hora e meia, ou o tempo necessário para a ansiedade diminuir. Quando a preocupação, o medo ou a necessidade de fazer algo passar a não incomodar mais, você pode pegar o item seguinte que menos lhe incomoda para enfrentar.

Dicas para a família e/ou amigos (quem convive diretamente), além de se apropriarem das dicas anteriores, é importante lembrar que:

· A pessoa não está assim porque quer. Ela provavelmente está sofrendo, e não sabe outra forma de resolver sua situação.
· Dizer o que tem que ser feito e que não faz o menor sentido, dificilmente tem resultados, e acaba gerando desentendimentos.
· Pressionar e/ou criticar também não ajuda. Embora pareça que ajude em alguns momentos, em longo prazo não funciona.
· Procure observar em quais situações os rituais acontecem e, se possível estar perto, dar atenção ou qualquer outro tipo de reforço antes da pessoa começar a fazer os rituais (reler o texto sobre reforçamento de repertórios para entender reforço).
· Se você costuma ajudar nos rituais, ou estar perto quando o medo está mais intenso, procure aos poucos (de vez em vez) tirar um pouquinho da sua presença nesses momentos, e estar presente no momento proposto na dica anterior.
· Procure incentivar qualquer forma de habilidade da pessoa, lembrando que nem sempre o elogio é a melhor forma de se fazer isto.
· Procure cuidar dos seus próprios problemas. Observe (principalmente mães) se sua vida não está em função dos cuidados para com a outra pessoa (que tem TOC). Se esse for o caso, é importante reconstruir sua própria vida. Só então será possível ajudar o outro.
· É importante olhar e valorizar as coisas que o portador tem conseguido fazer e não o contrário.
· Em geral, quando há alguém com TOC na família, todos os membros da família estão passando por problemas que se referem diretamente ao TOC e/ou problemas que não têm a ver com o TOC, mas que podem contribuir para a manifestação dele. Assim, é muito importante que todos procurem ajuda, principalmente os mais próximos. Esta ajuda pode ser por grupos de apoio a familiares, orientação familiar, terapia familiar ou até mesmo terapia individual.


COMO A ASSOCIAÇÃO DE PORTADORES PODE AJUDAR?


Sendo o TOC uma patologia de curso crônico que causa considerável prejuízo na qualidade de vida do portador e de seus familiares, os especialistas recomendam que os envolvidos busquem ajuda em Associações e Grupos de Apoio. É importante para o êxito do tratamento a aproximação com outras pessoas que como eles estão vivenciando essa experiência . Como os tratamentos são de longa duração, por vezes sentimentos de frustração e desesperança permeiam as relações familiares. Os Grupos de Apoio oferecem um foro para aceitação mútua, compreensão e auto descoberta.
Na cidade de São Paulo, no ano de 1996, foi fundada a primeira Associação Brasileira voltada a apoiar portadores de TOC e Síndrome de Tourette (ST) (tiques). É uma entidade, sem fins lucrativos, dedicada a incentivar as pesquisas sobre essas patologias; apóia e orienta familiares e portadores; luta contra estigmas e preconceitos e busca aumentar o conhecimento da população em geral sobre o TOC e a ST. Num trabalho pioneiro no nosso país fundou os primeiros Grupos de Apoio onde existe a possibilidade da troca de experiências com outros que lutam para vencer a doença. É importante salientar que estar ligado a uma associação permite que se obtenha material científico atualizado, assistir a palestras sobre o tema e desta forma, ter instrumentos para lidar com os próprios sintomas ou se possa ajudar um ente querido a eliminá-los.
Outras associações estão surgindo no Brasil: no Rio de Janeiro, em Salvador, em Porto Alegre e em Santos. Pertencer a um grupo de pessoas que lutam por uma mesma causa faz parte da natureza humana, criando uma zona de conforto onde se percebe não “ser o único” a ter que enfrentar as vicissitudes inerentes à patologia propiciando a percepção de que é possível lidar com ela.
Os familiares muitas vezes chegam aos Grupos de Apoio com a pergunta: “Onde foi que eu errei?” e percebem depois que buscar culpados não trás nenhum benefício ao portador, mesmo porque na visão moderna do TOC eles não existem. Se existe um componente ambiental envolvido no surgimento dos sintomas, ,existem outros fatores importantes a serem considerados, entre eles a predisposição genética. O familiar aprende que o importante é seguir as orientações médicas propostas, e que ajudar o portador não significa fazer rituais junto com ele reforçando o problema. No Grupo de Apoio o familiar aprende com outros a estabelecer novas estratégias para que o ambiente doméstico seja mais saudável. Como alguns familiares apresentam por vezes sintomas de TOC é uma oportunidade de rever seus comportamentos e, se for o caso, buscar ajuda especializada.
Participando de Grupos de Apoio, os familiares podem entender melhor as limitações impostas pela doença, o que propicia o desenvolvimento da paciência, tão necessária quando se lida com uma patologia de caráter crônico.
A ansiedade do familiar em nada contribui para o sucesso do tratamento. Nos Grupos de Apoio buscamos incentivar a percepção de que o membro da família afetado deve ser visto em outras dimensões além daquela imposta pela doença. Que existem qualidades e dons que devem ser valorizados e que cada vitória contra os sintomas deve ser festejada. Parecem coisas simples, óbvias, mas em nossa experiência com grupos percebemos ao longo dos anos, que em muitos casos, o preconceito está dentro do próprio lar.
Quanto aos benefícios encontrados nos Grupos de Apoio para portadores, sejam eles jovens ou adultos, podemos dizer que são inúmeros além dos já citados. Da mesma forma que os familiares, o portador encontra no grupo um local seguro, neutro, onde pode falar de seus sintomas sem ser julgado ou criticado como ocorre em outros ambientes devido ao desconhecimento das características de sua patologia pelas pessoas com as quais convive no trabalho, na escola, etc.
Sabemos das dificuldades enfrentadas: a busca por atendimento especializado, o custo dos tratamentos; as dificuldades diante do sistema público de saúde; as dificuldades de inserção no ambiente social e como o TOC afeta o desempenho escolar e profissional. Sabemos também que o uso contínuo de medicamentos ocasiona muitas vezes dificuldades no manejo dos efeitos colaterais e que permanecer no tratamento psicoterápico enfrentando seus medos também requer coragem e persistência. Essas questões podem ser discutidas em grupo e soluções práticas são encontradas quando várias pessoas dão sua contribuição nesse sentido, principalmente quando estão todos “no mesmo barco”.
Percebemos ao longo desses anos que os freqüentadores de Grupos de Apoio que mantiveram assiduidade nos encontros mudaram sua postura diante da patologia e já estão podendo falar de suas “conquistas” em relação aos sintomas, das “estratégias” utilizadas no que se refere à inserção no meio social. Relatam com entusiasmo aos novos membros do grupo, como isso tem melhorado sua qualidade de vida. Notamos então que a percepção de “não estar só”, “que outros apresentam sintomas semelhantes”, favorece a adesão aos tratamentos e estimula a responsabilidade sobre a própria saúde.
É importante salientar que o Grupo de Apoio não substitui as outras formas de tratamento médico e psicoterápico recomendadas para o transtorno. Acrescenta elementos positivos para que haja maior receptividade a eles pelo portador.
Os Grupos de Apoio realizados em nome da ASTOC são coordenados por facilitadores formados em Psicologia. Existe um treinamento desses profissionais que são aptos a responder perguntas sobre tratamentos e sobre a patologia em geral.Um Grupo de Apoio difere em sua essência de um grupo de terapia formal por ser um grupo de periodicidade mensal, aberto, onde a qualquer momento outro membro pode ser incluído; onde o coordenador exerce o papel de agente facilitador das relações grupais, não estabelecendo regras ou tarefas aos participantes, mas sim estimulando que os portadores encontrem um espaço propício para que possam falar de suas experiências com espontaneidade. Os Grupos de Apoio da ASTOC seguem o modelo trazido até nós pela OCD Foundation, com algumas adaptações para a realidade brasileira.
Ler um artigo sobre TOC (como este que você está lendo agora) é útil para todos, mas poder ouvir o relato de outro ser humano sobre suas lutas e conquistas é uma experiência transformadora. Busque outros que como você estejam vivenciando esta caminhada em busca de dias melhores e dêem as mãos , assim o percurso será mais ameno.

Saturday, September 17, 2005

Neuroteologia

Neuroteologia e Liberdade Cognitiva - 22/06/2001

A neuroteologia é um novo campo de estudo que vem se somar ao amplo espectro de explorações do científico-espiritualismo.A nova paraciência procura avaliar o que acontece com o cérebro quando uma pessoa passa por uma "experiência religiosa" ou "espiritual".Estudos anteriores apontaram que a atividade cerebral muda em determinadas áreas durante o desdobramento da experiência e que, por outro lado, a estimulação de taisáreas pode alimentar as referidas vivências psico-espirituais.Isto sugere que é importante considerar a necessidade de permitir que as pessoas tenham absoluta liberdade cognitiva para sondar as dimensões da consciência, inclusive por intermédio de substâncias psicoativasque induzem a estados alterados de consciência (EAC).Alguns reflexões sobre a neuroteologia estão em:www.alchemind.org/news/neurotheology1.htm


www.neuroteologia.org

Fabiano Oliveira
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Tuesday, September 13, 2005

"?"




O Homem Mediúnico Uma visão do ser Humano para o futuro. "?"
Prof. Nubor Orlando Facure

Carl Von Linné (1707-1778), médico e naturalista sueco publicou em 1740 a primeira edição da sua obra genial "Sistema da Natureza" introduzindo o método de classificação binária (gênero e espécie) dos seres vivos. Sua atividade científica iniciou-se muito cedo com uma publicação aos 16 anos de um livro de botânica "As Núpcias das plantas" onde ele estudou o mecanismo de fecundação das flores. Linné, no decorrer de sua vida publicou 180 obras de cunho científico dedicadas às Ciências Naturais. Ele trabalhou com auxiliares que enviou para "todos os cantos do mundo" afim de lhe fornecerem material para a sua monumental classificação dos seres vivos e acreditava ter contado tantas espécies quantas foram criadas inicialmente por Deus. Aristóteles, cerca de 400 anos antes de Jesus Cristo já havia feito uma classificação mais rudimentar na qual os seres vivos eram divididos em uma hierarquia de classes, sendo alguns superiores e outros de classe inferior estando o homem acima de todos. Tanto Aristóteles como Linné, acreditavam que as espécies eram imutáveis, que foram criadas com uma determinada aparência e assim permaneceriam sem qualquer mudança física. Só bem mais tarde, já no século XVIII, Charles Darwin estabeleceria os princípios da sua Teoria sobre a "evolução das espécies". Na classificação geral dos seres vivos o homem moderno é rotulado de Homo sapiens notando-se de antemão que a expressão "sapiens" dá um destaque privilegiado à sua inteligência. Percorrendo os caminhos da Filosofia e da Ciência veremos que a preocupação sobre a natureza do ser humano é antiga e quase sempre esteve ligada à noção que o homem faz de si mesmo e, principalmente, do mundo onde está inserido. Para os sábios da antigüidade parecia, inicialmente, ser mais fácil estudar o ambiente externo do homem, incluindo aí todo o Universo visível na época, do que voltar-se para dentro de si mesmo e responder as suas indagações mais íntimas. Por muitos séculos o destino do homem e todas suas mazelas ou conquistas foram regidas pela disposição dos Astros no firmamento ou pelas expressões de grandeza das forças da Natureza. A Terra, o Fogo, o Ar e a Água foram tidas como as substâncias fundamentais de todo Universo e tanto a Vida como a Morte resultavam de suas transformações. Na antiga Grécia, Sócrates, inicia o exercício da análise interior. Ensinava a primeira regra de identificação do ser Humano: "conheça-te a ti mesmo" e ditava aos seus discípulos que "o Homem é a sua Alma". Na Galiléia, a grandiosidade de Jesus sobrepujou o senso comum quando, referindo-se às nossas potencialidades, nos afirmou categórico, "sois deuses". As interpretações humanas, distorceram e adaptaram a doutrina divina de Cristo aos interesses terrenos e percorreram os séculos da Idade Média alimentando o obscurantismo. Os dogmas religiosos foram se ajustando para se adequarem ao controle dos dominadores poderosos que não admitiam perder suas regalias. E, assim, a Religião que deveria consolar, esclarecer e libertar, escravizou e oprimiu. Construiu-se para Deus uma imagem antropomórfica. A Terra era tida como o centro do Universo e só aqui florescia a vida. O Homem era um ser espiritual destinado a temer a Deus e o seu corpo seria ressuscitado no final dos tempos. Estabeleceu-se uma hierarquia de falsos valores espirituais onde, determinadas pessoas, assumiam poderes especiais, por se considerarem possuidores do mandato de Deus para julgarem seus semelhantes, podendo perdoar ou condenar em nome deste Deus. A sociedade ficou dividida entre "cristãos" e "hereges" e esta diferença permitiu legalmente que campanhas de batalhas fossem organizada para dizimar populações inteiras por não professarem o mesmo credo e, povos primitivos, com culturas seculares eram convencidos, à força, a mudarem seus costumes, afim de serem aceitos no céus que a Igreja postulava como único e verdadeiro. O Espírito prevalecia sobre o corpo, o que justificava as penitências ou os sacrifícios e, toda fisiologia do organismo, dependia da sua atuação. Esta doutrina assimilou os princípios de Galeno que se ajustavam muito bem às suas proposições. Galeno foi um médico grego, que trabalhou em Roma para o Imperador Marco Aurélio entre os anos 170 e 200 da era cristã. Ele propunha que as funções do nosso organismo eram sustentadas pelos "pneumas" que faziam circular o sangue, movimentar os músculos e registrar os sentidos. O princípio fundamental da vida física era o "calor vital" que resultava da circulação do "pneuma" e sustentava a tenacidade dos organismos vivos. Esta doutrina prevaleceu por mais de 15 séculos sem que ninguém ousasse contestar Galeno. As descobertas do Novo Mundo no século XVI ampliaram as terras conhecidas dando uma dimensão maior para as expressões da vida. Plantas novas, animais exóticos e povos estranhos exigiam uma revisão nos conceitos da condição humana na Terra. Nascem as primeiras intenções de se promover um conhecimento científico da Natureza através da observação direta ao invés de se admitir, sem contestação, as leis antigas impostas pelos eclesiásticos sem comprovações experimental. Foram surgindo assim, os novos paradigmas para reinterpretarem os fenômenos naturais e a constituição do homem. Giordano Bruno sugeriu a existência de uma substância única na constituição de todo Universo e afirmava que a Terra e o Sol não passariam de pequena parte de um Universo muito maior. No início de 1600 ainda prevalecia a intolerância religiosa e Giordano Bruno foi levado fogueira para se "evitar que este mal se propagasse", sem que a Ciência avaliasse a importância da sua tese. Galileu Galilei, introduziu os primeiros princípios da experimentação científica e propôs que todo fenômeno na natureza deveria ser quantificado através de medições, as quais seriam transformadas em formulações matemáticas para serem melhor compreendidas as leis que regulam a produção e as causas destes fenômenos. A fisiologia humana, obedecendo a este mesmo critério, começou a ser avaliada pela balança, o microscópio e o termômetro que passaram a fazer parte da instrumentação médica. Assim como um relógio de cordas, o corpo humano, viria a ser analisado em cada uma de suas partes para se identificar os mecanismos íntimos que faziam esta máquina funcionar. Foi o anatomista André Vesálius quem em 1543 começou a desfazer os rígidos dogmas de Galeno. Ele iniciou o estudo do cadáver humano dissecando músculos, nervos , veias, cérebro e vísceras expondo cada uma de suas peças anatômicas com uma nova apresentação, revolucionando os conceitos da anatomia que ele denominou de "Fábrica Humana". Algumas décadas depois, Willian Harvey, levou até ao Rei Charles I, na Inglaterra, o coração de um cão que ele dissecara, conseguindo demonstrar que o sangue circulava pelas artérias e retornava pelas veias às custas do impulso motor provocado pela contração dos músculos do coração. Harvey, estava confirmando a possibilidade de se analisar o corpo humano como uma máquina, que, aos poucos, estava revelando cada um dos princípios mecânicos que punham este corpo em funcionamento. A filosofia se vê então, obrigada a repensar o mundo e René Descartes, o grande filósofo francês, estabeleceu um novo paradigma. Ele defendia o direito de duvidar de tudo ensinando que apenas o pensamento é livre e sua existência não pode ser questionada. Afirmava de maneira emblemática na sua mais famosa frase, "penso, logo existo". Descartes, separou o campo das coisas materiais, que denominou de "rés extensa", do conteúdo da mente, que chamou de "rés cogitans". Estabeleceu-se desde então, um princípio dualista, ao consolidar-se um mundo físico, independente da vida espiritual que o movimenta. O corpo separa-se da Alma e passa a ser motivo de estudo como qualquer outra máquina que o homem desmonta e torna a montar para conhecer seus mecanismos. O filósofo Francis Bacon criou na Inglaterra em 1640, o método indutivo na investigação científica, estabelecendo uma nova relação entre causa e efeito. Todos os fenômenos naturais passam a ser compreendidos a partir da observação minuciosa que permite descobrir-se as leis que regem cada um deles. Ficam superadas as Teorias antigas baseadas na intuição ou nas deduções de racionalidade aparente mas, sem qualquer vínculo com a realidade que agora terá que ser quantificada pela observação. O corpo humano acometido pela doença se transforma e degenera mas, a Ciência agora, usa o bisturi na cirurgia ou na necrópsia e começa pela observação minuciosa a revelar a extensão destas lesões. Giovani Morgani aos 22 anos de idade assombrou a medicina italiana esclarecendo a patologia humana que havia por traz de cada uma das doenças que analisava. Ele reunia os dados clínicos que colhia exaustivamente para depois estudar o cadáver em todas suas perturbações descobrindo a causa de cada uma das moléstias que estudava. O naturalista Robert Hooke montou um conjunto de lentes criando o primeiro microscópio e consegui identificar num pequeno fragmento de cortiça a formação de um amontoado de lojas que mais tarde foram denominadas de células. A partir do uso do microscópio percebeu-se que plantas e animais e, na verdade, todos os seres vivos eram constituídos destas células que variavam enormemente de forma e tamanho para cada organismo estudado. Marcelo Malpighi usando um microscópio, descobriu pequenos vasos que promoviam a união das artérias com as veias completando o circuito da circulação que Willian Harvey havia descoberto. Faltavam ser descritos os capilares que Malpighi descubriu para se compreender como o sangue passava das artérias para as veias voltando ao coração sem necessidade do pneuma vital sugerido por Galeno. O médico alemão Rudolf Virchow adquire renome em Berlim aos 36 anos de idade quando criou a primeira revista de anatomia patológica introduzindo o estudo microscópico na patologia, revolucionando, mais uma vez, o estudo no corpo humano, esclarecendo as causas e a natureza das doenças. Os Alquimistas da Idade Média procuraram em vão descobrir o "Elixir da Juventude" e a "Pedra Filosofal" que permitiria transformar todos materiais em ouro. Suas experiência contribuíram para descobertas importantes na química que, Paracelsus, soube aproveitar empregando o antimônio, o mercúrio e o ouro como recursos terapêuticos com alguns casos de sucesso. Paracelsus, ao introduzir a química na Medicina, estimula os estudos da digestão, da fermentação dos alimentos, da composição da saliva e dos líquidos do estômago. Inicia-se com a química a idéia da existência de um metabolismo celular que através da digestão poderia explicar o misterioso "fenômeno da vida". Nesta época, a Medicina ainda se debate no grande dilema entre a Ciência e a Alma, mas, a cada investigação nova, no entanto, os fenômenos naturais vão se revelando, cada vez mais, como processos químicos e mecânicos que podem ser medidos e reproduzidos nos laboratórios. Vai perdendo sentido a existência de uma "entidade imaterial" no domínio da fisiologia orgânica. A descoberta das células na estrutura que tece cada um dos parênquimas de cada órgão, punha a descoberto a possibilidade de se compreender a fisiologia de todo organismo. A respiração passa a ser vista como uma troca de gases e o oxigênio foi revelado como fonte de sobrevivência. Os músculos ao se contraírem justificam, a força do coração que bombeia o sangue e a agilidade com que se contraem braços e pernas explicando os movimentos. A mecânica do relógio de cordas ou dos moinhos tinham muito a ver com o conceito de "máquina humana" que aos poucos vinham se revelando na fisiologia de cada uma de suas peças. A visão mecanicista na compreensão dos fenômenos orgânicos se expandia com os instrumentos de medida e observação quando, na França, Claude Bernard, inicia uma nova fase ao introduzir a experimentação médica sistemática como meio de investigação dos fenômenos fisiológicos. A anatomia já se servira do estudo de animais para correlacionar seus dados com os achados no organismo humano. Agora, no laboratório, Claude Bernard trazia os coelhos que submetia à experiências e controles que lhe permitiram a descoberta da homeostasia. Demonstrou que o equilíbrio químico e hemodinâmico do organismo condiciona a harmonia da vida. Em pleno século XVIII as propostas materialistas do Mecanicismo ainda não tinham conseguido afastar de vez a Alma da fisiologia humana. É por isto que George Stahl, mantém sua Teoria vitalista na base de todos fenômenos naturais. Os "fluidos" de Galeno são vistos agora como um "éter" que emana da Alma sustentando a vida. A circulação se mantém as custas de uma tonicidade das artérias e os músculos se contraem por força do livre arbítrio que a Alma escolhe e determina. As linhas de pesquisa na Medicina se detinham e se aprofundavam nos aspectos materiais da anatomia e da fisiologia humana quando, a partir de 1784, a cidade de Viena é agitada pela atividade inusitada do famoso magnetizador Frans Anton Mesmer. Na sua Tese de doutorado, Mesmer, tinha defendido a atuação dos Astros na produção das doenças e propagava que esta influência era exercida por um "fluido" que penetrava todas as coisas. Mesmer chamou este elemento imaterial de "fluido magnético" e supunha que ele podia ser transferido de uma pessoa para outra. Na sua clínica, o Dr. Mesmer, dizia curar seus pacientes às custas da transmissão destes fluidos que ele conseguia mobilizar em seus pacientes. Durante as aplicações do fluido magnético, Mesmer, produzia em suas pacientes um estado de agitação convulsiva e sonolência que ele chamou de "crise sonambúlica". As pessoas que entravam nestas crises eram extremamente sensíveis ao comando de Mesmer e, mais tarde, seus discípulos vieram a confirmar, que a crise mesmérica era provocada, mais por sugestão, que pela ação do fluido magnético. Com Mesmer, estavam nascendo as primeiras experiências que, de alguma maneira, permitiam a investigação da mente humana nos domínio da sua intimidade. Certas pessoas se mostravam extremamente sensíveis à sugestão sendo predispostas a obedecer e executar atitudes e comportamentos sugeridos após despertarem da crise sonambúlica. Este fenômeno foi descoberto por um discípulo de Mesmer, o Marques de Puysègur, que o reconheceu como efeito de sugestão pós-sonambúlica. ´ Em Manchester, na Inglaterra, o Dr. James Braid publicou, em 1840, seus estudos sobre o mesmerismo concluindo que podia induzir a "crise" mantendo o paciente com o olhar preso a um objeto brilhante e com a atenção fixada em palavras repetidas pausadamente sugerindo relaxar e dormir. O Dr. Braid propunha que o sonambulismo descoberto por Mesmer, estaria relacionado diretamente com a atividade cerebral, tendo denominado este estado de "sono nervoso" ou hipnose. O paciente sob hipnose pode receber sugestões e ficar livre de sintomas que o molestam ou de traumas psíquicos que o afetam. Aprofundando o transe ele pode ser submetido a cirurgia sem sentir dor e apresentar pouco sangramento quando cortado. Estas propriedades da hipnose foram percebidas desde o início da sua descoberta e, em meados do século passado, na França, numa clínica rural próximo a Nancy, um médico abnegado, o Dr. Liébeault, chegou a tratar por mais de vinte anos uma enorme clientela com a qual ele conseguia enorme sucesso aplicando as técnicas da hipnose. Nesta ocasião, começava a se destacar a eminente figura do neurologista francês, Jean Martin Charcot, que é tido como o fundador da neurologia francesa ao criar no Hospital de La Salpetriere, em Paris, a sua Escola Neurológica. Entre os seus assistentes encontravam-se Pierre Janet e Sigmund Freud cujos trabalhos vieram a ter grande repercussão na compreensão dos processos mentais. Por influência de Charles Richet, fundador da Metapsíquica e famoso fisiologista francês, o Dr. Charcot passou a se interessar por hipnose utilizando-a no tratamento de suas doentes portadoras de histeria. No quadro clínico da histeria podem ocorrer paralisias, anestesia e perda de fala que são totalmente revertidas através da sugestão hipnótica. A relação entre histeria e hipnose serviu de motivo para calorosa polêmica travada entre os médicos da Clinica de Nancy e o professor Charcot. Em Nancy afirmava-se que a hipnose seria uma condição humana possível de se provocar em qualquer pessoa, ao passo que na escola de Charcot acreditava-se que apenas a mulher histérica era passível de ser hipnotizada. No meio desta polêmica, Sigmund Freud, conhece a Clinica de Nancy e inicia com a hipnose seus primeiros estudos que resultaram no grande monumento da psicanálise. Conforme Freud e Pierre Janet puderam perceber, a histeria parecia provocar uma cisão na personalidade e a paciente perdia o controle dos seus atos. Pierre Janet introduziu o conceito de automatismo psicológico, no qual, em certas circunstância, o psiquismo provocaria comportamentos ou atos motores automáticos. Neste grupo de manifestações, Janet, incluiu a catalepsia, a psicografia e relatos semiconsciente que ele denominou de vidas sucessivas. Estava diante de Janet, todo um material precioso de manifestações mediúnica embora ele não o tenha conseguido identificar como sendo atividade espiritual ou, como teria dito Charles Richet, como manifestações de forças inteligentes estranhas ao ambiente. Sigmund Freud, não se revelou um bom hipnotizador, tendo baseado seu diálogo terapêutico na livre associação, na análise dos sonhos, no significado dos atos falhos e na regressão aos fatos e conflitos da infância. Freud, põe a descoberto a grande realidade do inconsciente, no qual, cada um de nós faz submergir os desejos não manifestos, reprimidos pela censura do consciente. Cada um dos nossos comportamentos passa a ser compreendido como manifestações destes desejos ocultos que, de alguma forma, vem a tona pelas emoções, pelos gestos impensados ou pelas decisões de racionalidade aparente. Freud, pela primeira vez, organiza uma estrutura para nossa constituição psíquica. O Id, o Ego e o Superego constróem nosso aparelho psíquico que começa a se organizar nas fases que se iniciam logo após o nascimento: a fase oral, a anal, a narcisista e finalmente a maturidade sexual. Os conflitos vivenciados em cada fase ou a possibilidade de se estacionar em uma delas, vão produzir as manifestações neuróticas que nos martirizam pela vida a fora. O inconsciente, trazido a tona por Freud, revela um mundo interior jamais suspeitado até mesmo pelos grandes filósofos da Grécia. Neste inconsciente, está representado todo o conflito humano, na sua mais dramática complexidade. A definição de quem somos, depois de Freud, teve que obrigatoriamente vasculhar os porões do inconsciente em que cada um de nós deixa submergir seus mais ardentes desejos ou sufocar seus maiores tormentos. Pouco antes do surgimento da Escola Neurológica de La Salpêtrière, o médico alemão Franz Joseph Gall, imaginou existir uma relação entre as diversas aptidões humanas e as saliências palpáveis no crânio das pessoas que examinava. Ele catalogou a benevolência, a humildade, a inteligência, a firmeza de caráter, a combatividade entre inúmeras outras habilidades como possíveis de se confirmar, no crânio, a sua maior ou menor desenvoltura. Esta hipótese teve o mérito de reconhecer, pela primeira vez, que existem no cérebro, áreas especializadas para cada atividade, o que era um grande avanço para época. Este estudo pseudo-científico denominado por Gall de frenologia, mostrou-se totalmente incorreto e caiu no descrédito, tendo nos dias de hoje, interesse apenas histórico. O método de avaliação, em que se atribui às aparências externas, uma relação direta com as aptidões psicológicas ou com as características da personalidade, teve, de novo, grande aceitação com os estudos de Cesare Lombroso. Ele sugeria haver, na aparência fisionômica do indivíduo, traços, que nos permitiriam reconhecer uma propensão para o crime. A criança já nasceria, de alguma forma, predestinada a se tornar um criminoso pelos traços fisionômicos que herdasse. Na doutrina forense esta tese prevaleceu por muito tempo, notando-se até hoje, sinais que refletem sua aceitação. Cada um de nós sabe, e muito bem, como somos, de maneira insensata, tentados a dar parecer e fazer julgamentos precipitados, sobre as pessoas que nos cercam, emitindo observações baseadas numa simples aparência de um olhar ou de um sorriso. Sabemos, também, pela experiência pessoal, que na maioria das vezes as aparências já nos pregaram grandes decepções. Foi a partir de 1869 que o cirurgião e antropólogo francês Paul Brocá confirmou a especialização das áreas cerebrais no desempenho de cada uma de suas funções. Ele confirmou que a área da fala, mais precisamente da linguagem falada, se localizava no pé da circunvolução frontal esquerda e, a partir daí, uma série de estudos foram mapeando, no cérebro, cada uma de suas inúmeras funções. Criou-se assim, um novo campo de estudo, no qual, se via no cérebro, a justificativa de todos nossos movimentos, percepções, desempenhos, reações reflexas e, mais tarde, até mesmo as aptidões psicológicas e as emoções, se renderam, revelando também suas localizações anatômicas. Surgiu a idéia de que a mente não existiria independente do cérebro com queria René Descartes, e que seria mero produto emanente da complexa atividade cerebral. O dualismo Corpo-Alma parecia, agora, que deveria subjugar-se ao conceito moderno de interação cérebro-mente no qual ambos seriam indissociáveis. Recentemente, o avanço da fisiologia cerebral foi enriquecido com os estudos das formulações matemáticas que constróem computadores cada vez mais complexos. A relação entre a complexidade dos computadores e a estrutura das redes de neurônios que se organizam no cérebro, fez surgir a ciência que levou à criação da Inteligência Artificial. Esta forma de equacionar soluções que exigem a rapidez nos cálculos e a possibilidade da máquina tomar decisões, permitiu a fabricação de robots extremamente versáteis, ao mesmo tempo que fez surgir com mais força, a antiga comparação do homem com a máquina, com o agravante agora, de que é a máquina que está imitando o Homem e com perfeição cada vez maior. Nas últimas décadas do século passado o meio científico foi abalado pela mais espetacular Teoria sobre as origens da vida e a natureza do ser humano. Foi Charles Darwin que em 1869 publicou, depois de 20 anos de hesitação, sua Teoria sobre a evolução das espécies. Os seres vivos passaram a ter uma origem comum primitiva e, no decurso da sobrevivência, os mais aptos foram paulatinamente sendo selecionados numa competição permanente de adaptação para proliferação das espécies. Cai por terra a visão Criacionista de origem bíblica, para surgir uma proposta revolucionária que mantém para o ser humano um vínculo biológico com todos os demais seres vivos. Somos produtos de um processo de seleção natural onde prevaleceu a maior capacidade de adaptação para permitir que o material genético pudesse dar seqüência às gerações futuras. Além dos aspectos biológicos que nos prende aos animais que nos precederam, estão implícitas também, nesta evolução milenar, às aptidões psicológicas, comprovadas agora, como resultado desta jornada que nos permitiu acumular nas experiências da sobrevivência, as aquisições mentais que fizeram desabrochar o instinto, o discernimento, o raciocínio e a inteligência. Desta maneira, os biólogos de hoje, identificam em cada um dos nossos comportamentos, mesmos os mais sofisticados relacionados com as emoções, com a racionalidade ou com o aprendizado corriqueiro, uma ligação direta com o comportamento animal das espécies que coabitam conosco todo cenário da vida que povoa nosso planeta. Assim, a ligação afetiva com os filhos, a cooperação com os elementos da mesma espécie, a aquisição de linguagem, os acertos e erros nos processos de aprendizado, as reações reflexas de sobrevivência que nos predispõe a lutar ou fugir, a escolha de caminhos mais adequados, o julgamento que nos permite distinguir o certo do errado tem, todos estes comportamentos um fundamento biológico que nossos ancestrais primitivos foram acumulando no decorrer dos milênios. Com esta percepção da evolução das espécies, a condição humana, em termos biológicos não nos faz superior ou inferior a qualquer um dos animais que transitam conosco nesta jornada evolutiva. Foi nesta mesma ocasião, quando Charles Darwin assombrava o mundo com a Teoria da Evolução das Espécies, que surge na França a codificação da Doutrina Espírita por Allan Kardec. Num questionário dirigido aos Espíritos, Allan Kardec, recebeu as revelações de uma doutrina que posicionava definitivamente a origem da vida, a natureza do ser humano, o significado do seu sofrimento e o destino que o futuro lhes reserva. Somos todos Espíritos imortais que ocupamos temporariamente o corpo físico para nosso desenvolvimento e progresso espiritual. Todo ser vivo está sujeito à evolução que, através de vidas sucessivas favorece a oportunidade de renovação e crescimento com destino à perfeição. Somos todos irmãos em situações diversas de aprendizado, vivenciando experiências onde o princípio espiritual estagiou no mineral, na planta e nos animais para chegar a desfrutar milênios depois da condição de ser humano. Neste e noutros mundos, continuaremos a jornada evolutiva pelo infinito a fora. Nosso cérebro não tem ainda condições de fixar em sua memória as experiências de nossas vidas anteriores mas, o inconsciente de cada um de nós, retém os dramas fundamentais destas vivências que, com freqüência, estão repercutindo em nossas decisões e comportamentos. Estamos todos mergulhado num mundo espiritual que nossos sentidos grosseiros ainda não nos permite perceber em sua plenitude. Este mundo espiritual é habitado pelos espíritos desencarnados que estabelecem conosco uma relação contínua de mútua interferência. Os Espíritos participam de nossos mais íntimos pensamentos e, com freqüência, envolvem-se em nossos acertos e erros durante toda nossa vida. Através da aptidão da mediunidade, determinadas pessoas tem a capacidade de entrar em sintonia com os espíritos desencarnados e receber ostensivamente sua comunicação. No futuro todo homem terá esta aptidão e o Homem mediúnico terá condições de transitar livremente pelas dimensões do plano espiritual. O Espírito é energia de criação divina que atua presidindo todos os fenômenos físicos e psicológicos que se processam em nosso organismo. Para que esta ação possa ocorrer entre a dimensão física e a espiritual se situa o perispírito, ou corpo espiritual, que serve de intermediário entre o corpo o e espírito. Através dos fluidos que constituem o perispírito, é que se processam todos os fenômenos mediúnicos e, quando um espírito se comunica com o outro, seus pensamentos se transmitem de um para o outro através dos fluidos que emanam de seus respectivos perispíritos. Através da atuação persistente do pensamento o perispírito assume a forma que o espírito lhe impuser podendo assim, cada espírito, se apresentar com a aparência que considerar ser mais apropriada. As nossas condutas, principalmente morais, imprimem em nosso perispírito as influências que nossos desejos bons ou maus fixam no campo de ação do nosso perispírito. Assim, cada um de nós. não tem como disfarçar sua verdadeira aparência psíquica. quando se mostra no plano espiritual. Em nossa volta, os fluidos espirituais imprimem as formas que nossos pensamentos constróem por força dos desejos que cultivamos com intensidade. A Doutrina Espírita, como se percebe, ampliou o conhecimento sobre o ser humano. A Anatomia tem que acrescentar agora o corpo espiritual e suas relações com o mundo espiritual. A fisiologia é forçada a entender o Espírito como agente direto dos fenômenos vitais e a patologia tem que considerar as construções que o pensamento materializa no campo de ação do corpo espiritual e seus desdobramento na auto-obsessão. É este ser humano com sua transcendência e seu destino comprometido com a perfeição que o Espiritismo propõe para nossa reflexão. Às custas deste esclarecimento veremos nascer um Homem comprometido com suas origens espirituais. O Homem mediúnico, estendendo nossas sensibilidades para as dimensões espirituais, vai ampliar os horizontes da humanidade e a sua participação na vida deste planeta. ..........................................

O neurocirurgião Nubor Orlando Facure é professor aposentado da Unicamp, presidente e fundador do "Instituto do Cérebro", na cidade de Campinas. Embora afastado da Universidade, Nubor continua clinicando em consultório próprio e no Instituto do Cérebro, escrevendo e publicando livros e também fazendo palestras nas casas espíritas e instituições acadêmicas.

Fabiano Oliveira
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Monday, September 12, 2005

Esquizofrenia : Credito Psiqweb.

PSICOSES & ESQUIZOFRENIAS

São várias as tendências de reflexão sobre a Doença Mental, notadamente sobre as Psicoses que, embora provenientes de diversos momentos históricos do pensamento psicológico, estimulam bastante as discussões sobre o tema.

Temos o modelo Sociogênico, no qual a sociedade, complexa e exigente, é a responsável exclusiva pelo enlouquecimento humano.
Temos também o modelo Organogênico, diametralmente oposto ao anterior, onde os elementos orgânicos da função cerebral seriam os responsáveis absolutos pela Doença Mental.
Tem ainda o enfoque Psicogênico, onde a dinâmica psíquica é responsável pela doença e subestimam-se as disposições constitucionais.
Finalmente, há o modelo Organodinâmico, que compatibiliza todos três anteriores num modelo bio-psico-social.
Tem sido quase unanimemente aceito na psiquiatria clínica a associação de determinadas configurações de personalidade predispostas e a eclosão de psicoses. Estas personalidades são as chamadas Personalidades Pré-mórbidas, cujo conceito é abordado neste trabalho no capítulo sobre os Transtornos da Personalidade; constituições que por si transtornam a vida do indivíduo ou incapacitam um desenvolvimento pleno, ou ainda, em certas circunstâncias, encerram uma maior aptidão para o desenvolvimento de determinadas doenças psíquicas.
A Constituição (Personalidade) Pré-mórbida é considerada pela psicopatologia como uma variação do existir humano e traduz uma possibilidade mais acentuada para o desenvolvimento de certa vulnerabilidade psíquica. Aqui o termo "possibilidade" deve ser considerado em toda sua plenitude, ou seja, um carater não-obrigatório mas que deve ser levado muito a sério.